Nos dias 20, 21 e 22 de
setembro, foi realizado o XXV Campeonato Brasileiro de Karate-dô Tradicional,
na cidade de Porto Alegre, RS.
No feminino, surpresa:
pela primeira vez em vinte e um anos, o título de kata individual não ficou com
Adairce Castanhetti (MT). Dessa vez, que levou o ouro foi Martinna Rey (BA).
Manuela Spessatto (RS) ficou com a prata, e Adairce, com o bronze. Todas são atletas veteranas da
Seleção Brasileira, e o título foi decidido por décimos.
Mas quem estava em dia
inspiradíssimo foi outra baiana: Jamilly Farias. A baianinha reinou absoluta no
fuku-go, vencendo na final a mesma Martinna que vencera no kata, e no kumite,
superando uma das maiores atletas de todos os tempos no Tradicional, a também
baiana Lelia Pires. Martinna completou o pódio junto com Manuela, e provou ser
uma atleta completa: medalhou em todas as categorias individuais.
No masculino, quem
estava inspirado era Ricardo Buzzi (PR). Primeiro, ele venceu – junto de Jean
Laure e Ruyter Almeida – uma categoria que estava sob o domínio das potências Mato
Grosso e Bahia nos últimos vinte anos: o kata por equipes. Com um Nijushiho
excelente, e com uma aplicação fiel ao kata, os paranaenses ficaram com o ouro,
com méritos, e repetiram o título conquistado no começo do ano, no sul sudeste.
No kata individual, mais
um ouro para Buzzi, que venceu com um Gojushiho sho muito forte. José Renato
(RJ), ficou com a prata, com Sochin. Roberto Mendes (RJ) completou o pódio com
Gojushiho sho.
Na última disputa do
sábado, o kumite por equipes. De um lado, o Rio de Janeiro passou por Distrito
Federal e pela fortíssima Bahia na semi-final. A equipe baiana era formada por
quatro campeões brasileiros de kumite individual: Alexsandro Mendes (2010),
Alfredo Gamas (2008), Thiago Santana (2007) e Elias Carvalho (2011). Mas o Rio
de Janeiro conseguiu encaixar melhor a sua estratégia, e venceu a disputa. Na
outra chave, o Paraná teve que passar pelos atuais campeões (Mato Grosso), e
por São Paulo na semi-final. Na finalíssima, reedição da final do sul sudeste
desse ano: RJ x PR.
Na primeira luta, Jayme
Sandall conseguiu vencer por 2 wazari, e colocou os cariocas na frente. Na luta
do meio, Ricardo Buzzi vencia Ary Arsolino por um wazari, quando o atleta do
Rio sofreu uma lesão na virilha e teve que abandonar, perdendo por “doctor stop”.
O Rio ainda estava na frente, por uma pequena vantagem (o doctor stop conta
como um keikoku – 2 pontos), mas Jean Laure, que vive grande fase, fez um
wazari em Roberto Mendes. O carioca teve que correr atrás, e depois de um mãe
geri, completou com oi zuki que infelizmente pegou no pescoço do paranaense. O
árbitro central, sensei Contarelli (ITA), acertadamente desclassificou o atleta
do Rio por kinshi (golpe em local proibido). O Paraná levou o título pela
quinta vez (2001, 2005, 2006, 2011 e 2013).
No domingo, as disputas
de fuku-go e kumite individual.
No fuku-go, Jayme
Sandall teve que passar por pedreiras como Jeferson Aragão (BA), campeão
brasileiro de fuku-go em 2010, e Carlos Rodrigo (GO), atleta da Seleção
Brasileira por muitos anos. Do outro lado, Ricardo Buzzi eliminava Ronaldier
Nascimento e Vladimir Zanca. Na final, um confronto que está se tornando comum
nos últimos anos: Jayme VS Buzzi.
O paranaense partiu
para cima desde o começo. Pressionou o carioca e não deu espaço. Logo de cara,
em uma bela sequência de lenzoku waza (golpes seguidos), encaixou um gyako zuki
jodan: wazari. No lance seguinte, Jayme empatou, com um forte deai (golpe de
encontro) jodan. E então, Buzzi tirou um coelho da cartola: soltou um ura
mawashi no rosto que surpreendeu o carioca, e lhe deu o ponto do título.
Só faltava o kumite
individual para que Ricardo Buzzi saísse de Porto Alegre com um resultado
histórico, levando para casa todos os títulos das categorias que disputava.
Mas Roberto Mendes
(RJ), em excelente fase, interrompeu a sequência de títulos do paranaense, e
venceu na terceira rodada, em uma luta emocionante que levantou as torcidas dos
dois Estados. Roberto venceu ainda Cleberson Santi (PR) para chegar à
semi-final.
Em outra chave, Jayme
Sandall teve que passar pelas pedreiras Alfredo Gamas (BA) e Carlos Rodrigo
(GO) para se classificar à semi.
Ronaldier Nascimento
(AL) superou Tiago Santana (BA) e Alexsandro Mendes (BA) para vencer sua chave.
Na última vaga das
semi-finais, Jeferson Aragão (BA) passou pelo atual campeão panamericano
Vinícius Moreno (MT) em uma luta duríssima, e ficou à espera do vencedor de
César Cabral (SP), atual vice-campeão sulamericano JKA de kumite individual, e
da lenda Vladimir Zanca (MT). Cabral lutou de forma corajosa, e mergulhou em
dois deai tchudan (golpes de encontro na linha de cintura). Fez dois wazari,
mas no segundo, enquanto batia embaixo, tomou uma pancada muito forte no rosto.
Chegou a voltar para o lugar e cumprimentar o árbitro depois de receber o
ponto, mas então desmaiou de pé, e caiu com o rosto no chão, ficando nocauteado
por algum tempo. O próprio adversário o socorreu, por ser um bombeiro,
especialista em primeiros-socorros. Para alívio geral ele retomou a consciência
depois de algum tempo, e pareceu ter ficado bem. Os árbitros, de acordo com o
corpo médico do evento, o proibiram de lutar novamente, e Jeferson avançou
direto para a semi.
Na primeira luta, Jayme
encontrou o tempo do baiano, e conseguiu vencer por 2 wazari, classificando-se
para a grande final pelo terceiro ano consecutivo.
Na outra luta, uma
disputa truncada entre Roberto Mendes e Ronaldier Nascimento. No final, a
experiência do atleta de Alagoas falou mais alto, e ele avançou à final.
O ginásio lotado estava
em silêncio absoluto quando os dois atletas foram chamados para entrar no koto
para a disputa final.
Ronaldier marcou o
primeiro ponto, com seu golpe de segurança: o mae geri de esquerda. Jayme
empatou pouco depois, com um kizami de deai.
Os dois estavam muito
cautelosos, sabendo que o próximo ponto decidiria o título. Jayme acertou mais
um kizami, mas a base não estava correta, então o árbitro tirou o ponto.
Faltando pouco mais de dez segundos para o final da luta, Ronaldier acertou
mais um mãe geri de esquerda, e ficou com o título pela quarta vez (2003, 2004,
2005 e 2013).
Após o confronto, ele
não segurou as lágrimas, muito emocionado com o título de kumite.
Fica aqui o
agradecimento à organização impecável por parte da CBKT e da Federação gaúcha.
O ginásio tinha uma estrutura excelente, o cronograma foi respeitado e a
arbitragem foi extremamente competente e imparcial.
O próximo desafio agora
será o Panamericano Tradicional, que acontecerá em novembro, na Argentina.
Juntamente ao Panamericano, será realizada a Copa Panamericana, um evento aberto
a todos.
RESULTADOS
- Enbu misto: 1)
MT (Lauriany de Sá e Tales Ramiro Lúcio) / 2) BA / 3) RS
- Enbu feminino:
1) MT (Wildlayne Amarante e Nayara Amarante) / 2) BA / 3) CE
- Kata equipes
feminino: 1) MT (Adairce Castanhetti, Lauriany Sá e Wildlayne Amarante) / 2) BA / 3) RS / 4) PR
- Kata individual
feminino: 1) Martinna Rey (BA) / 2) Manuela
Spessatto (RS) / 3) Adairce Castanhetti (MT)
- Kumite por equipes
feminino: 1) BA (Lelia Pires, Martinna Rey, Jamilly Farias e Letícia Aragão) / 2) MT / 3) PR – 3) SP
- Fuku-go feminino:
1) Jamilly Farias (BA) / 2) Martinna Rey (BA) / 3) Lelia Pires (BA) – 3)
Michelle Melo (RN)
- Kumite individual
feminino: 1) Jamilly Farias (BA) / 2) Lelia Pires (BA) / 3) Martinna Rey
(BA) – 3) Manuela Spessatto (RS)
- Enbu masculino:
1) SP (Andrew Marques e Rodrigo Alves) / 2) MT / 3) CE
- Kata equipe
masculino: 1) PR (Ricardo Buzzi, Jean Laure e Ruyter Almeida) / 2) MT / 3) SP
- Kata individual
masculino: 1) Ricardo Buzzi (PR) / 2) José Renato Sampaio (RJ) / 3) Roberto
Mendes (RJ)
- Fuku-go masculino:
1) Ricardo Buzzi (PR) / 2) Jayme Sandall (RJ) / 3) Vladimir Zanca (MT) – 3)
Cristiano da Silva (BA)
- Kumite equipe
masculino: 1) PR (Ricardo Buzzi, Ruyter Almeida, Jean Laure e Cleberson Santi) / 2) RJ / 3) SP – 3) BA