quarta-feira, 23 de maio de 2018

Os dez maiores atletas de kumite da história do karate tradicional

Na lista abaixo, os dez maiores atletas de kumite da história do karate tradicional brasileiro.
Posteriormente, farei listas dos dez maiores atletas de kata e de fukugo.
* Foram levados  em conta os títulos individuais em maior peso, e por equipes em menor peso.

1° - Ricardo Buzzi (PR)


- Campeão mundial individual (2002). Medalhou mais duas vezes em mundiais no kumite individual (bronze em 2004 e bronze em 2012)
- Campeão panamericano individual (2003)
- Campeão sul-americano individual (2005)
- Campeão brasileiro individual (2014)
Por equipes, foi tricampeão mundial (2004, 2006 e 2010) ; tetracampeão panamericano (2001, 2003, 2009 e 2013); campeão sul-americano (2005); pentacampeão brasileiro


2° - Vinícius Moreno (MT)


- Bicampeão panamericano de kumite individual (2011 e 2013)
- Por equipes foi bicampeão panamericano, campeão mundial e campeão brasileiro


3° - Chinzô Machida (PA)

- Pentacampeão brasileiro de kumite individual (maior número de títulos)
- Tricampeão norte-nordeste individual
- Por equipes foi bicampeão brasileiro

4° - Vladimir Zanca (MT)

- Bicampeão brasileiro de kumite individual (1996 e 2010)
- Vice-campeão panamericano individual (2003)
- Por equipes, foi bicampeão mundial (2004 e 2006) e bicampeão panamericano (2001 e 2003)

5° Ronaldier Nascimento (BA)


- Tetracampeão brasileiro individual
- Pentacampeão Norte-Nordeste
- Por equipes foi campeão mundial (2006), tetracampeão brasileiro e octacampeão Norte-Nordeste

6° - Paulo Afonso (PA)


- Tetracampeão brasileiro individual
- Vice-campeão panamericano individual
- campeão da copa mundial (EUA)
- tricampeão norte-nordeste
- Por equipes foi hexacampeão brasileiro

7° - Vinícius Sant'Anna (PR)


- Campeão panamericano individual (2007)
- Vice-campeão brasileiro individual (2008)
- Campeão sul-sudeste individual (2013)
- Por equipes foi tricampeão mundial (2004, 2006 e 2010) , tricampeão panamericano (2009, 2011 e 2013) e tetracampeão brasileiro

8° - Alexsandro Jobson (RN)


- Campeão panamericano individual (2009)
- Bicampeão brasileiro individual (2008 e 2009)
- Por equipes foi campeão panamericano (2009)



9° - Lyoto Machida (PA)


- Campeão panamericano individual (2001)
- Campeão brasileiro individual (1998)
- Campeão norte-nordeste individual
- Por equipes foi campeão panamericano (2001)

10° - Jayme Sandall (RJ)


- Vice-campeão panamericano individual (2013)
- Bicampeão brasileiro individual
- tricampeão sul-sudeste individual
- Por equipes foi vice-campeão mundial (2012), bicampeão panamericano (2011 e 2013) e campeão brasileiro

domingo, 13 de maio de 2018

Vitor Belfort vs Lyoto Machida


Na noite de sábado (12 de maio de 2018), foi realizado o ufc 224, e no card principal a luta de Vitor Belfort e Lyoto Machida.
Essa foi a última luta da vitoriosa carreira de um dos pioneiros do UFC. Belfort, aluno da lenda Carlson Gracie, se despediu do octógono mais famoso do mundo com uma derrota por nocaute.
Isso em nada diminui a grandeza da carreira desse grande lutador, que ao longo de sua vitoriosa carreira conquistou o cinturão do UFC em dois pesos diferentes (pesado e meio pesado), e venceu lendas do esporte.

Lyoto andava em baixa na organização, vindo de uma série de derrotas. Estava afastado dos treinos de karate há muito tempo.
Aí entra em cena Vinicio Antony...
Eles começaram os treinamentos para a luta passada de Machida, na vitória por decisão dividida sobre Erik Anders.
Nessa luta já ficou clara a mudança de postura de Lyoto.
Desde o começo dos treinos Vinicio foi claro: Machida treinaria karate Shotokan, voltaria à sua origem, voltaria a treinar a luta que o lançou ao estrelato e que fez com que fosse campeão do UFC sem perder uma luta sequer.

Na luta contra Vítor, ficou evidente a postura de karate Shotokan. Mais do que isso: ficou evidente a estratégia montada por seu treinador.

Vinicio certamente treinou muito isso com Machida: "chute na linha de cintura algumas vezes. Faça ele se condicionar a defender embaixo. E então, na hora certa, chute no rosto!"
"Na hora certa"
Tempo. E distância.
A essência do Shotokan.
O cerne da nossa luta é exatamente esse. O todomewaza (técnica do golpe definitivo), é o grande diferencial do Shotokan. Não treinamos para a trocação franca, mas para golpes cirúrgicos, aplicados no tempo e distância exatos.

Parabéns a Vinicio - um dos melhores treinadores de mma que existe - por ter preparado Machida tão bem. E parabéns a Lyoto, que voltou ao karate e reencontrou o caminho das grandes vitórias.

Oss!

segunda-feira, 7 de maio de 2018

Samurai

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Ugo Arrigoni era um jovem pequeno e magro quando resolveu entrar no karate.

Começou em uma época em que menores de idade eram proibidos de praticar, devido à violência da luta e do vigor dos treinamentos.  Ele tinha 16 anos...
Mostrou ali, naquele início,  o traço de personalidade que lhe era característico, e que lhe renderia fãs pelo mundo inteiro: ele jamais teve medo de se arriscar.

Competiu durante duas décadas, lutando contra adversários muito maiores em uma época onde não existiam luvas ou protetores de boca, e o karate era um só.  Todos disputavam juntos.
Enfrentou de igual para igual gigantes como Paulo Góes, Antônio Pinto, Ronaldo Carlos e James Field. Sem medo, sem se preocupar em se machucar ou se expor.
No exame de dan realizado no dia 27 de abril de 2018, no clube Nipon, em Arujá, Ugo Arrigoni escreveu mais um capítulo de sua trajetória.

Aos 65 anos, Arrigoni sofre de uma insuficiência cardíaca grave, e usa um desfibrilador que fica sob a pele do peito - demonstrando o risco de uma parada cardíaca que ele corre.
Foi proibido pelos médicos de fazer exercícios físicos pesados. Havia o risco de morte.
Mestre reconhecido mundialmente,  ele não precisava se expor diante de centenas de pessoas para fazer um exame de dan. Podia fazer como vários outros mestres, que não fariam nem fizeram isso jamais na frente de ninguém,  exatamente para não expor suas próprias fraquezas.
Mas o traço que o definiu lá atrás, no começo de tudo, a característica que lhe definiu como atleta, ainda está  dentro dele.

Sem nem um segundo sequer pensar em se poupar ou resguardar, ele se propôs a fazer o exame para sexto dan na jka (lembrando que já possui a graduação de sétimo dan no Tradicional, concedida pelo sensei Nishiyama)
Sensei Ugo fez o exame.

Fez o kihon com o kime que lhe é característico. Fez o kata Jion com toda a força... E então seu coração pediu um tempo. Aliás exigiu um tempo.

Ele precisou sentar um pouco enquanto seu coração disparava.

Todos se preocuparam, e da mesa examinadora (mestres Ueki e Enoue) veio o recado: ele não precisava mostrar mais nada.
Mas eles não sabiam que Ugo não era um simples professor ou ex-atleta.

Era, antes de tudo um samurai.

E, como samurai,  estava disposto a morrer de pé.

Ele se levantou e disse: vou fazer o kata que treinei.
Diante de mais de cem pessoas que assitiam em silêncio absoluto, ele fez o Nijushiho.

Da mesa, vinha a voz de Sensei Machida: "Ugo! Não precisa colocar força!"

E isso só fazia com que ele fizesse com mais vontade e espírito de luta.
Arrigoni sabia que podia morrer.

Sabia que o caminho mais seguro seria parar, fazer sem força, desistir.

Mas ele é samurai.

E , como samurai, decidiu que preferia se arriscar a morrer de pé, em vez de viver com medo.
No final, todos aplaudiram. De pé.
Oss!

quarta-feira, 2 de maio de 2018

XIX CAMPEONATO BRASILEIRO DE KARATE-DO JKA

Foi realizado, entre os dias 25 e 29 de abril de 2018, o XIX CAMPEONATO BRASILEIRO DE KARATE-DÔ JKA.

na quarta e quinta foi realizado curso com os mestres Ueki, 9° dan (instrutor-chefe da jka matriz) e Machida, com ênfase nos exames que seriam realizados.

Na sexta-feira foi realizado exame de dan. Nesse exame, lendas do karate brasileiro como Ugo Arrigoni (RJ), Carlos Rocha (SP)  e Enobaldo Athaide (BA) foram avaliadas pelos mestres Ueki e Enoue (Argentina).

No sábado, curso geral e campeonato infanto-juvenil.

Impressionante o excelente nível dos atletas das categorias de base,  que deram um show de técnica e postura.

Destaque para três finais: Rondon Caiado (GO) vs Raul (SP) na categoria 15 anos;

Bernardo (SP) vs Enzo (PA);

Peterson Lozinski (SP) vs Rafael (SP). Nas três lutas o que se viu foi coragem, postura, técnica e espírito de luta de gente grande. Na verdade, postura de grandes lutadores.

O futuro da jka do Brasil está garantido nas mãos desses atletas.




Feminino


Entre os adultos, a Bahia veio com força total, e conquistou o título de kata por equipes, que estava em poder do Rio Grande do Sul desde 2012. As gaúchas ficaram com a prata.

No kata individual entretanto, a gaúcha Manuela Spessatto parece imbatível. Segue sua sequência incrível de vitórias em campeonatos brasileiros e conquistou o oitavo título consecutivo da modalidade - um recorde absoluto em qualquer  categorias, entre homens e mulheres.

A gaúcha chegou à impressionante marca de 22 títulos brasileiros jka (outro recorde absoluto).

No kumite por equipes, as gaúchas se recuperaram da derrota no kata, e conquistaram o título em cima da forte equipe de São Paulo. A final começou com a vitória de Aurideia Patrícia (SP)  sobre a campeã brasileira e sul-americana de kumite individual (2013) Hannah Aires. Mas as gaúchas não se abalaram, e Cristiane Babinski venceu sua luta, empatando o confronto.

Manuela Spessatto fechou a disputa vencendo Laís, dando o título para o Rio Grande do Sul por 2x1.


No individual, disputas muito acirradas na definição das 4 semifinalistas.

A atual campeão da categoria, a mineira Juliana Vitral (campeã sul-americana de kumite individual 2012) ficou de fora porque ainda está se recuperando da cirurgia que fez no joelho logo após o mundial da Irlanda.

A estreante em campeonatos brasileiros jka, Joana Andrade (BA), venceu a tricampeã de kumite individual Manuela Spessatto em seu caminho. A também baiana Letícia Aragão teve que passar pela experiente Sônia Coutinho (PA), tricampeã brasileira e campeã sul-americana (2005). Martina Rey, outra baiana, passou pela mineira Carol Zampa, que venceu Hannah Aires (RS). A última semifinalista foi a paraense Ana Paula Rocha, que teve que vencer a paulista Aurideia Patrícia e a gaúcha Cristiane Babinski em seu caminho.

Nas semifinais, Ana Paula venceu Joana Andrade, e Martina venceu a conterrânea Letícia Aragão.

Na grande final, Martina Rey, integrante das seleções jka e tradicional, impôs sua experiência e com muito espírito de luta, conquistou o título pela primeira vez. Foi a primeira vez que uma atleta da Bahia conquistou o cobiçado título de kumite individual.





Masculino

No kata por equipes, imensa surpesa: a equipe paulista, atual heptacampeã (2011 a 2017), perdeu o título para a equipe do Rio de Janeiro. Os cariocas trouxeram uma equipe da WKF, que se aliou à jka-rj. Com um Gojushiho sho afiado na eliminatória e um lindo Unsu na final, eles conquistaram o ouro para o RJ pela segunda vez na história (o outro título é de 2003).

No individual venceu um dos grandes favoritos,  o paulista Rogério Higashizima. Em segundo lugar,  o atleta que fez história ano passado ao ficar entre os oito melhores do mundo no kata individual do mundial jka da Irlanda - Marcelo Kanashiro (GO)

Completando o pódio, o multi-campeão Andrew Marques (SP)

No kumite individual, dois atletas favoritos ficaram de fora da disputa: Rafael Moreira (RS), campeão em 2002 e 2008, recém operado de uma ruptura no tendão de aquiles;
E Jayme Sandall (RJ) , campeão em 2010, 2013, 2014, 2015, 2016 e 2017, com uma lesão muscular na coxa.

Mas isso em nada tirou o brilho das disputas. Esse foi um dos campeonatos brasileiros mais disputados de todos os tempos.

O nível dos atletas impressionou a todos.

Os quatro semifinalistas tiveram que vencer diversos adversários de muita qualidade para chegarem às finais.

Diego Andrade (BA) venceu Lucas Fernando (SP), atleta muito experiente apesar da pouca idade (fez parte da seleção brasileira infanto-juvenil por muitos anos); Márcio Adami (SP) venceu o forte Renato Passos (SC); Leão Mazur (BA) passou por Bernardo Braga (PA); e Fábio Simões (SP) venceu Fernando Macedo (MG), que demonstrou imensa evolução em seu kumite ;

Fabinho fez história aos se classificar para a semifinal. Ele conquistou sua décima segunda medalha de kumite individual em brasileiros jka, isolando-se no primeiro lugar nesse quesito, deixando Jayme Sandall em segundo (11 medalhas) , e Chinzô Machida (9 medalhas) em terceiro.

Mas semifinais, Diego Andrade usou sua imensa velocidade e muita inteligência para vencer o experiente Fabinho.

Na outra luta, Leão Mazur teve muita paciência para vencer Márcio Adami na bandeirada (hantei) após 3 empates.


Na grande final, Diego não deu chances a Leão, e venceu com propriedade.  No fim, ficou a certeza que o melhor lutador ficou com o título.

Agora Diego entrou em um seletíssimo grupo: o de campeões brasileiros de kumite individual masculino - a categoria com menor número de vencedores diferentes.

Eram apenas cinco campeões nos 18 brasileiros realizados até então:  Lyoto Machida (PA),  Chinzô Machida (PA),  Jayme Sandall (RJ), Fábio Simões (SP) e Rafael Moreira (RS).

Diego Andrade se junta ao grupo, com todos os méritos.

No kumite por equipes, São Paulo e Bahia na grande final e última categoria a ser realizada.

A Bahia saiu na frente vencendo o primeiro confronto. Na segunda luta, Diego Andrade encarava o atual campeão pan-americano tradicional, Cezar Cabral. Infelizmente Cabral acabou se desentendendo com o árbitro após sofrer o primeiro wazari, e isso acarretou na expulsão de toda a equipe de São Paulo.

Com isso, São Paulo perdeu inclusive a medalha de prata, sendo excluída da competição.  Dessa forma, a equipe do PA,  terceira colocada, subiu um degrau no pódio,  indo para o segundo posto.  A equipe 4° colocada (RS), ficou com o bronze.

Um fim melancólico para um evento que vinha sendo perfeito.

Mas são coisas que acontecem e que devem ser superadas.

A Bahia levou o título com todos os méritos! 







Despedida

Nesse campeonato, vimos a despedida de um grande atleta: Andre Luiz Azevedo (SP).




Andrézão conquistou ao longo de sua carreira três títulos brasileiros de kumite por equipes. Foi ainda bronze no kumite individual (2014). Ele fez parte da seleção brasileira jka nos sul-americanos de 2013 (Paraguai) e 2015 (Brasil) e no mundial de 2014 (Japão) .

Ele deixa um legado de títulos e grandes lutas (já venceu atletas como Fábio Simões e Jayme Sandall), mas acima de tudo deixa a marca de um lutador leal e de postura perfeita.

Fará muita falta dentro dos kotos!

Oss!



RESULTADOS XIX CAMPEONATO BRASILEIRO JKA 2018

Feminino

- Kata por equipes:

1) BA (Martinna Rey, Letícia Aragão e  Joana Andrade)

2) RS (Hannah Aires, Manuela Spessatto e Cristiane Babinski)

3) PA


- kumite por equipes:

1) RS (Hannah Aires, Manuela Spessatto Kauane e Cristiane Babinski)

2) SP (Aurideia Patrícia, Paula Jéssica e Laís Santana e Stephanie Azar)

3) RJ (Rayanne Lins, Natacha Marques e Maria Helena Rocha)

3) BA (Martinna Rey, Letícia Aragão,  Joana Andrade e Irvila Ferreira)


- kata individual :

1) Manuela Spessatto (RS)

2) Martinna Rey (BA)

3) Cristiane Babinski (RS)

- kumite individual:

1) Martinna Rey (BA)

2) Ana Paula Rocha (PA)

3) Letícia Aragão (BA)  - 3) Joana Andrade (BA)

Masculino

- Kata por equipes:

1) RJ (Wendell Gonçalves, Ronaldo Teixeira e Rogério Teixeira

2) SP (Andrew Marques, Marcel Raimo e Rodrigo Arita)

3) PA (Lucas Braga,  Bernardo Braga e Vítor Braga)

- kumite por equipes:

1) BA (Diego Andrade, Leão Mazur, Allan Araújo, Tiago Santana,  Antônio Carlos Tanner, Igor Azevedo e Fabrício Catão)

2) PA (João Lima, Vítor Braga, Lucas Braga, Bernardo Braga, André Luiz Sampaio e Luiz Felipe de Almeida)

3) RS (Frank Manera, Sidiney Zucci, Augusto Spessatto, Douglas Albano)

- kata individual :

1) Rogério Higashizima (SP)

2) Marcelo Kanashiro (GO)

3) Andrew Marques (SP)

- kumite individual:

1) Diego Andrade (BA)

2) Leão Mazur (BA)

3) Fábio Simões (SP)  - Márcio Adami (SP)