Shotokan no MMA

A história do karate Shotokan no Mixed Martial Arts - o antigo Vale-Tudo -, na década de sessenta, com uma dos maiores lutadores de karate de todos os tempos: Ronaldo Carlos. Ronaldo foi um lutador muito temido dentro dos dojôs e kotos de competição. O que muito pouca gente sabe, entretanto, é que ele participou de vários "desafios", lutas por nocaute, na verdade os precursores do vale-tudo. Na época isso não dava fama ou dinheiro, e as imagens que temos são quase nulas. Ronaldo venceu todos os duelos de vale-tudo que participou. 
Continuamos na década de noventa, com o multi-campeão Paulo Afonso de Paiva Filho. O tetra-campeão de kumite individual do karate Tradicional resolveu testar suas habilidades nas lutas de MMA. Infelizmente há poucas imagens de suas lutas, mas há um combate dele no youtube (http://www.youtube.com/watch?v=l4wStiRI8Wg  e  http://www.youtube.com/watch?v=53ecOGaWeGg&feature=related ).
Recentemente, Lyoto Machida vem assombrando o mundo com seu estilo muito diferente, embora seja bastante comum para nós, do Shotokan. Nosso jogo de longa distância ainda é muito pouco conhecido no mundo do MMA, mas essa realidade vem mudando. O site oficial dele: http://www.machidalyoto.com.br/
Seu irmão mais velho, Chinzô Machida, também se aventurou no MMA, fazendo até agora duas lutas. Ele, no entanto, teve que treinar mais o seu jiu-jitsu, para não ser surpreendido no chão. Os links das lutas do carateca no youtube: http://www.youtube.com/watch?v=n4L4jDitr8ohttp://www.youtube.com/watch?v=7oRY6E9q-zg&feature=related
Com o sucesso de Lyoto, outros lutadores vêm se interessando em aprender o Shotokan, com o intuito de adicionar mais essa arte em sua mistura.
Vitor Belfort, um dos mais famosos e vitoriosos lutadores de MMA da história, apaixonou-se pelo Shotokan, e treina há bastante tempo com o sensei Vinicio Antony (Seleção Brasileira do Tradicional por 7 anos). Em 2009, fui convidado pelo mestre Vinicio para ajudar na preparação de Belfort, e desde Junho venho treinando com ele. Em agosto, passei 4 semanas em Las Vegas, e 1 em Dallas, treinando-o para sua reestréia no octagon, no UFC 103 contra a fera Rich Franklin. Vitor usou o Shotokan, confundindo o americano, e o nocauteou no começo do primeiro assalto.
Atualmente ele continua treinando o Shotokan.
Em 2011, vim novamente para Las Vegas para treinar o Vitor, dessa vez para a luta pelo cinturãos dos pesos médios, contra Anderson Silva
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LUTADORES DE KARATE SHOTOKAN NO MMA:
- Lyoto Machida
- Chinzô Machida
- Antônio "Pezão" Silva ( http://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B4nio_Silva_(lutador)
- Paulo Afonso (http://www.youtube.com/watch?v=l4wStiRI8Wg)
- Antônio Carvalho (http://en.wikipedia.org/wiki/Antonio_Carvalho)
- Leon Walters (http://www.youtube.com/watch?v=SL2DoQjA4t4)


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Vitor fala sobre os treinos de karate Shotokan aos 7:50




Exame de faixa Vitor Belfort
UFC 103: Franklin vs Belfort



Fotos Las Vegas 2011


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Um novo lutador de MMA vem deixando muita gente de boca aberta. Ele é médico, nasceu nas Filipinas, e vem do karate Shotokan. Aos 40 anos, tem um cartel de 4 lutas, com 4 vitórias, e diz que luta para se testar, depois de tantos anos competindo Shotokan. Vale conferir as lutas dele: http://www.youtube.com/watch?v=WsYzYwCMGGA&feature=related

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Ontem (20/11/2010), aconteceu o confronto dos ex-campeões do UFC. De um lado, o norte-americano Quinton “Rampage” Jackson, um nocauteador de mãos pesadas e ground and pound avassalador; do outro, o brasileiro Lyoto Machida, com seu karate preciso.
A luta foi exatamente isso: Rampage indo para cima, querendo definir com socos fortes ou derrubar na tentativa de ficar por cima, castigando o adversário. Lyoto, por sua vez, recuava, tentando manter a longa distância, usando toda sua paciência para não se expor.
No primeiro assalto, Machida começou castigando a perna da frente do adversário com chutes baixos pelo lado de dentro. Acertou bons chutes, mas nada que parecesse abalar Jackson. No final, um round morno, que, para mim, poderia ter sido empate, ou até uma vitória apertada para o carateca.
No segundo, Quinton veio um pouco melhor, e além de um soco no rosto, conseguiu derrubar Lyoto – que logo se recuperou. Outro assalto difícil de se escolher um vencedor. Poderia ser empate novamente, ou uma leve vantagem para Jackson.
No terceiro...
A paciência de Lyoto finalmente deu resultado. Quinton abriu uma brecha – talvez a única de toda a luta – e foi o suficiente para o deai do brasileiro. Lyoto mandou a bomba, que explodiu certeira no queixo do adversário. Muito rápido, Machida explodiu mais dois golpes em sequência, e Rampage ficou claramente abalado, quase sofrendo um knockdown.
Lyoto foi para cima socando sem parar, e conectou um mawashi geri no rosto, mas o americano defendeu todos os golpes se fechando. No final na seuquência, o brasileiro derrubou com facilidade, e depois de passar a guarda, montou. Bateu um pouco, castigou, e tentou um armlock, que foi defendido na força bruta.
Claramente o round foi vencido por Lyoto, com sobras.
Quando o gongo soou, os dois se abraçaram, e Quinton levantou a mão de Lyoto para o público. Segundo ele, o brasileiro tinha vencido, sem sombra de dúvidas.
Mas os juízes pensaram diferente, e por decisão dividida, deram a vitória ao americano, que ficou muito surpreso com o resultado.

O resultado é tudo?

Ginchin Funakoshi, o pai do karate Shotokan, dizia que a vitória deve ser igual à derrota, para um praticante de karate. Confesso que sempre tive dificuldade de entender isso, pois a gente sempre quer vencer. Quando se pisa em um kotô para uma competição de karate, ou em um ringue ou octógono para uma luta de MMA, o importante é sair com a vitória, não é?
Depende.
Hoje, finalmente, acho que comecei a entender o significado de “vitória igual à derrota”.
Deve-se entrar com o intuito de fazer o melhor possível na luta. Atingir o oponente, sem que ele nos atinja. Demonstrar força, técnica, velocidade e espírito de luta. O resultado, esse sim, deve ser encarado como igual. Se você conseguiu lutar melhor, bater sem ser atingido, o que importa o resultado?
Quinton Jackson mostrou ser um samurai. Além de educado, honesto e leal, ele provou que é um lutador de sangue. Veio com tudo, tentou nocautear o tempo todo. No final, sentiu que perdeu, e disse isso. Nem comemorou a vitória, por considerar que tinha perdido.
Lyoto ficou triste, claro, mas também aceitou bem a derrota.
O que importa é a forma como ele lutou, e não o resultado que os juízes definiram.
Se eles deram a vitória a Rampage, ponto final, é partir para a próxima – seja uma revanche ou seja com outro oponente -, sem pensar em resultado injusto ou o que quer que seja.
Parabéns aos dois samurais, que fizeram uma luta cerebral, uma batalha de 15 minutos entre dois gigantes.
OSS.
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LYOTO vs SHOGUN 2
Essa é a imagem que sempre ficará, independente do que acontecer






Lyoto Machida perdeu. Finalmente, depois de 17 lutas duríssimas de MMA contra os melhores atletas do mundo (BJ Penn, Rich Franklin, Tito Ortiz, Tiago Silva, Rashad Evans, e até o próprio Shogun), ele perdeu.

Foram 16 vitórias consecutivas antes dessa primeira derrota. Um cartel para ninguém botar defeito.

A luta em si foi muito ruim para o carateca. Shogum estava muito bem, e Shogum bem é sinônimo de lutador fenomenal. Ele conseguiu dominar a distância e o tempo, e pegou Machida logo no começo do primeiro assalto.

De cara, Shogun entrou com uma canelada e foi recebido por um deai que pegou, mas não em cheio. Logo depois o curitibano veio para cima, e Machida saiu, rápido e consciente como sempre. Parecia que seria outra luta-xadrez, onde os dois pensariam muito antes de agir, e que seriam precisos alguns rounds para a luta se definir.

Mas Shogun decidiu não seguir o script, e acertou um direto que abalou o carateca, e fez com que cambaleasse. Com o nariz sangrando, Lyoto ainda conseguiu uma bela queda, mas não foi efetivo no chão, apesar de ficar por cima.

Levantaram, e Lyoto atacou, sendo recebido por um cruzado que pegou resvalando em sua cabeça, mas que o jogou no chão. Shogun mergulhou socando, e não houve tempo para reação.

Lyoto Machida foi nocauteado.

Qual será que foi o erro do carateca? O que ele poderia ter feito na luta e nos treinamentos para obter um reultado diferente?

Ora, dizer que um atleta que teve 16 vitórias seguidas em quase dez anos de carreira está errando nos treinamentos? Dizer que ele usou a estratégia errada, mesmo ela tendo dado certo contra tantos oponentes de peso?

Lyoto não errou, Shogun é que acertou.

Shogun foi melhor, venceu por méritos dele, e não por demérito de Machida.

Luta é assim, alguém tem que perder, e quando são dois lutadores de nível tão alto quanto Lyoto e Shogun, tudo pode acontecer.
Não é só na vitória que se parabeniza. Não é só quando se vence que se é reconhecido.
Lyoto, mais uma vez você mostrou o seu valor, mesmo na derrota. É claro que será duro superar essa derrota, ainda mais para alguém que está invicto desde 2001, tanto em competições de karate quanto no MMA (campeão brasileiro e panamericano 2001, campeão Norte-Nordeste 2005), mas ele usará essa pedra no caminho para subir ainda mais.

OSS!
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MATÉRIA NO SITE "TATAME"

 
Treinador confiante em recuperação de Vitor


sexta-feira, 05 de março de 2010 - 17:50:01

Por Erik Engelhart

Foto Marcelo Alonso


Escalado para tentar tirar o cinturão das mãos de Anderson Silva, Vitor Belfort sentiu uma antiga lesão no ombro e teve que adiar seus planos. Fora do UFC 112, o casca-grossa está confiante no tratamento e vem seguindo à risca as recomendações de seu médico. Treinador de caratê de Vitor, Jayme Sandall falou sobre a lesão no ombro do atleta e se mostrou otimista com relação à volta de Belfort ao octagon mais famoso do mundo.

“Ele já vinha reclamando bastante dessa lesão no ombro, sentindo um formigamento desde antes da luta contra o Rich Franklin, mas sabe como é o atleta, enquanto dá para levar vai levando, à base de gelo e antiinflamatórios. Depois da luta, começamos um treinamento intenso, a lesão se agravou e ele começou a reclamar diariamente, até que começou a prejudicar nosso treinamento, devido à limitação de certos movimentos. O importante é que esse fato não fez com que ele desanimasse, muito pelo contrário, ele está extremamente focado e bem otimista em relação a sua volta. Acredito que o Vitor vá surpreender os médicos”, comentou Sandall

http://www.tatame.com.br/2010/03/05/Treinador-confiante-em-recuperacao-de-Vitor
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CHINZÔ MACHIDA NO UFC



Chinzô Machida, irmão mais velho de Lyoto, já lutou duas vezes em eventos de MMA, ambas no Jungle Fight. Na primeira luta, enfrentou Cristiano Rosa, e venceu por nocaute técnico (http://www.youtube.com/watch?v=n4L4jDitr8o). Na segunda, encarou Brian Rafik, e acabou sendo derrotado por finalização no segundo round, depois de dominar a luta completamente no alto (http://www.youtube.com/watch?v=7oRY6E9q-zg&feature=related). Na época, o carateca ainda não tinha um jiu jitsu afiado, mas ele vem treinando forte os fundamentos de chão nos últimos anos.

Agora, segundo notícias do jornal O Liberal e do site Sherdog.com, Chinzô vai lutar em 2010 no UFC. Segundo o próprio, a categoria que escolhereu será até 70 kg. Só para lembrar, essa é a categoria do casca-grossa havaiano BJ Penn, que inclusive já lutou - e perdeu -, para Lyoto. BJ vem de uma vitória formidável contra Diego Sanchez, e foi o primeiro gringo a ser campeão mundial de jiu jitsu.
Mas se Chinzô afiar bastante o seu jogo de chão - como vem fazendo - ele será um fortíssimo candidato ao título da categoria. Seu karate é incontestavelmente um dos melhores do mundo, e ele tem um estilo diferente do irmão. Chinzô é muito mais agressivo, vai para cima o tempo todo. Tenho certeza de que rapidamente vai conquistar os fã de MMA com seus ataques explosivos e sua agressividade.
A comunidade do Shotokan torce para que ele faça sua estréia rapidamente,
e que conquiste mais vitórias para o nosso karate.

http://www.sherdog.com/news/news/Another-Machida-Unfurls-MMA-Plans-219

http://www.orm.com.br/projetos/oliberal/interna/default.asp?modulo=249&codigo=451411
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LYOTO vs SHOGUN


Na madrugada de sábado para domingo Lyoto Machida fez sua primeira defesa do cinturão da categoria dos meio-pesados (até 93 kg) que conquistou contra o americano Rashad Evans.

O resultado da luta foi polêmico, e está gerando muita discussão entre os fãs de MMA. De um lado, os defensores do carateca de Belém; do outro, fãs do curitibano do muay thay. Quem terá razão?

Sei que minha opinião pode parecer parcial, até porque, além desse blog ser de karatê, sou amigo pessoal da família Machida. Mas tentei ver a luta com olhos neutros, e deixo aqui minha impressão sincera sobre o combate.

Lyoto não estava bem. Parecia um pouco desconcentrado antes da luta começar, apesar de já estar dentro do octagon. Parecia estar procurando algo, enquanto Shogum olhava para ele fixamente. Durante o combate, me pareceu não ter traçado uma estratégia específica para anular o jogo de fortes caneladas do curitibano. Do outro lado, entretanto, Shogum fez o dever de casa, e estava preparadíssimo para o combate. Segundo rumores, ele treinou com o campeão mundial de karatê Tradicional, o também curitibano Ricardo Buzzi, que deve ter passado dicas muito importantes para tentar anular o jogo do carateca. Shogum foi inteligente ao procurar um atleta do karatê Traicional, e os treinos me parecem ter sido muito bem feitos.

A luta, de uma forma geral, foi morna.

No primeiro e no quarto assaltos, na minha opinião, os dois empataram. Algumas joelhadas baixas de Lyoto, alguns chutes na perna de Shogum, e nada além.

No segundo e terceiro assaltos, vitória de Lyoto, por pouco. No terceiro, inclusive, o carateca encaixou uma seqüência de socos que balançou Shogum, mas não o suficiente para levá-lo à lona.

O quinto round foi de Shogum, apesar de Lyoto ter encaixado mais uma boa joelhada. O curitibano estava com mais gás, e foi bem mais agressivo, conseguindo inclusive encaixar bons chutes baixos, uma cotovelada e um soco que tirou sangue de Lyoto – pela primeira vez no UFC.

Bem, contando friamente, Lyoto venceu, por uma margem muito pequena. O justo mesmo seria um empate, porque na verdade nenhum dos dois fez nada de mais para merecer a vitória. Mas como em luta de título não pode haver empate, e como a vantagem é sempre do campeão, Lyoto venceu.

Por que então o público vaiou tanto, e tem tanta gente dizendo com convicção que Shogum saiu vencedor do confronto?

Bem, em primeiro lugar porque venceu o último round, e isso sempre deixa uma impressão de que foi melhor a luta inteira – o que não foi verdade. Segundo porque Lyoto sangrou, e esse fato inédito incendiou a galera. E terceiro porque sempre se espera muito de Machida. Ele não é invencível, muito menos invulnerável. Ele nunca disse isso, jamais se intitulou intocável. Esse foi um rótulo que colocaram nele. Então, passam a achar que se ele for tocado, sangrar, pronto! Tem que perder a luta.

Calma, gente, não é assim que a banda toca.

Shogum é um dos maiores lutadores de MMA que o Brasil já produziu em sua história. Ele foi o rei do Pride, vencendo lutas de forma impressionante. É jovem, bem preparado física, técnica e psicologicamente, além de ser muito experiente (mais até do que Lyoto). Então acho que é meio absurdo achar que Machida iria dar show, não ser tocado, nocautear com facilidade um atleta desse quilate. Lyoto fez uma luta parelha contra um dos mais talentosos strikers do planeta. Será que ele merecia sair vaiado? Será que ele correu, se acovardou, fez fita ou qualquer coisa de errado durante a luta? Será que foi ele quem mandou os juízes darem a vitória para ele? Ser vaiado foi uma injustiça.

Shogum merece uma revanche, imediatamente. Creio que seria justo que Dana marcasse a luta seguinte entre os dois. O público merece, Lyoto merece, Shogum merece. Vamos torcer para que esse confronto aconteça o mais breve possível, e que o melhor vença – sem margens para discussões.
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MAIS KARATE NA TATAME


Depois da edição especial com a família Machida, temos mais karate Shotokan na revista Tatame, que acaba de chegar às bancas com uma matéria com Vitor Belfort. Nela, Vitor fala sobre o karate que aprendeu e já utilizou na luta contra Rich Franklin, enaltecendo a nossa arte marcial. Vale a pena comprar a revista, pois é um instrumento de divulgação do Shotokan jka.

No final da matéria, inclusive, são citados alguns dos maiores lutadores da jka (Chinzô Machida, Wagner Pereira, Rafael Moreira e Fábio Simões). Dá-lhe seleção brasileira!

Segue abaixo também o link da última entrevista que Belfort deu para o site tatame, falando sobre como usou o karate, etc.

O nosso Shotokan ficou muito tempo esquecido pela mídia. Atletas do quilate de Chinzô Machida(PA), Ronaldier Nascimento(BA) ou Alecsandro Jobson(RN), por mais que conquistassem títulos nacionais e internacionais, sempre foram completos desconhecidos de quem não pratica karate Shotokan Tradicional ou JKA. Desconhecidos. Nada na tv, nada em revistas e jornais de âmbito nacional. Temos que aproveitar o momento para mostrar a todos a qualidade da luta que praticamos. De nada adiantaria tanta mídia se o "produto" não fosse de qualidade. Temos que aproveitar essa onda que o Shotokan está surfando. Temos que divulgar.

As atitudes que tomarmos agora podem fazer com que a moda do Shotokan no mundo da luta profissional não seja passageira. A forma como os treinadores agirem, os atletas e professores divulgarem, pode decidir se passará de moda para fato.

Aos praticantes de Shotokan cabe a tarefa de agitar, participando de blogs, chats e sites, assistindo às lutas de Lyoto e de Vitor, comprando revistas que falem do Shotokan. É assim que vamos aquecer a nossa arte marcial; é assim que vamos mostrar a força do Shotokan não só dentro dos kotos, ringues e octagons, mas também fora. Mostrar que os praticantes são muitos, e que a mídia deve cobrir também os eventos específicos, os campeonatos da JKA.
http://www.tatame.com.br/2009/10/08/
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Sábado 18:30. Entramos na van do UFC que nos levou para o ginásio da American Airlines, em Dallas, Texas. Vitor ouvia música com o fone de ouvido, estava se concentrando.


No local do evento, fomos para a sala destinada para o nosso aquecimento. Vitor e mais 4 lutadores que entrariam no octagon naquela noite. O primeiro a ir deslocou o ombro no meio da luta, voltou gemendo de dor à sala. O segundo, Tyson Griffin, venceu, e levantou o ânimo na sala. Mas Frank Trigg e Martin Kampman perderam, e o clima pesou de novo. Ambos voltaram à sala logo após as derrotas, o primeiro resignado, e o segundo revoltado, gritando palavrões. Os dois com os rostos bem machucados. Olhei para o Vitor, mas ele estava na dele, focado.

Aquecemos de duas formas: Shawn Tompkins com aparadores e manoplas, no boxe, e eu com karate. Focamos em coisas que sabíamos que Rich usaria na luta, e ficamos repetindo o timing várias vezes. Pouco se falava.

Chegou a hora.

Fiquei muito, muito nervoso. Muito mais do que quando lutei o meu primeiro campeonato mundial, no Japão. E olha que eu estava nervoso pacas em Tóquio.

Meu estômago estava espremido, parecia que era eu quem ia lutar.

Entramos ao som de um rap, mas sinceramente nem escutei nada. Nem a música, nem os gritos do público. Nem olhei para as arquibancadas lotadas. Só via na minha frente o Vitor.

Ele estava muito concentrado, e depois de abraçar a mim, Shawn e seu amigo de longa data Cris Franco, subiu no octagon.

Eu continuava nervoso demais. Será que ele conseguiria colocar toda a sua velocidade em prática? Será que o timing que treinamos tanto sairia na hora "H"?

Rich veio aclamado pelo público. O "American Fighter" escolheu uma música do AC DC e incendiou a galera. Nas bolsas de apostas Belfort era o underdog. O azarão.

Com cinco segundos de luta, finalmente relaxei. O "azarão" logo mostrou que estava com um domínio de distância perfeito. Tinha a luta na mão.

Muito mais rápido do que Franklin, Vitor esperava o momento certo para dar o bote. Soltou um chute muito forte na perna do adversário, coisa que treinamos muito, e depois, num contra-ataque, partiu para cima com tudo o que tinha. Usou as mãos rápidas e o reflexo adquiridos em anos de boxe, e o timing do Shotokan. Resultado: venceu, e levou o prêmio de melhor nocaute da noite.

Na hora que Rich Franklin desabou, demorei alguns segundos para acreditar que tinha realmente acabado.

"Espera! Ainda não acabou!" gritei para o outro corner, enquanto ele comemorava. Eu estava enganado. Vitor já pulava no centro do octagon. Soltei um grito que foi tanto de felicidade quanto de alívio; depois de 35 dias, longe de casa, cansado, horas e horas de treinos na academia Extreme Couture, outras tantas no hotel em Dallas, depois de assistir tanto ao dvd com as lutas de Rich Franklin que já até sonhava com ele, finalmente o trabalho chegava ao fim.

O que começou com Vitor indo até Vinicio Antony e pedindo "me ensina karate", terminou com um nocaute indiscutível.

Vitor mostrou que o casamento Jiu-jitsu / whrestling / boxe / muay thay / karate shotokan jka, vai longe.

Na luta de média e longa distância, para o timing e o controle do espaço no octagon, karate Shotokan JKA. Para o in fight e o clinche, boxe/muay thay. Para o ground and pound, whrestling. E para a finalização, o jiu jitsu.

É claro que existem muitas outras combinações, mas particularmente acho essa muito interessante.

Agora é esperar pelo proximo adversário, e dar continuidade ao trabalho de Vitor Belfort com o mestre Vinício Antony.

PS: o link abaixo é de uma matéria que saiu no site da TATAME baseado no texto acima:

http://www.tatame.com.br/2009/09/24/UFC--Treinador-de-Belfort-comemora-o-nocaute
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REVISTA TATAME

"Pernas abertas, uma base diferente e um grito antes de cada ataque. Definitivamente, o Vitor Belfort que vi na X-treme Couture tinha algo de diferente do que acompanho desde os 15 anos de idade. Logo após os treinos, descobrimos que seu parceiro de treino era Jayme Sandall, considerado, junto com os irmãos Chinzo e Lyoto Machida, um dos maiores representantes do Caratê Shotokan no Brasil.

Enquanto Vitor tomava um banho depois do treino, Sandall nos contou que Yoshizo Machida também é seu treinador na seleção brasileira, e que os irmãos Machida são grandes amigos. “Na verdade, o Vitor está treinando Caratê há muito tempo com Vinícius Antony, mas ele não poderia ficar aqui por mais de um mês, então ele me perguntou se eu poderia vir para ajudar o Belfort. Estou muito impressionado como ele aprende rápido. Tenho certeza que as pessoas vão perceber algumas diferenças na sua próxima luta”, explica Sandall, que já perdeu para Lyoto na final do campeonato brasileiro de Shotokan.

“Definitivamente, Lyoto e seu irmão, Chinzo, são os melhores lutadores de Shotokan que temos no Brasil, e toda a comunidade do Caratê está feliz com o que eles estão mostrando, como a técnica do Caratê Shotokan é boa”, explica o professor de Vitor. Relaxando depois de um duro treinamento com Jayme e Ray Sefo, Belfort falou sobre os benefícios que o Caratê está trazendo para ele.

“Eu treinei Caratê em 2001 para lutar como Heath Herring. As pessoas gostam muito do Boxe, Wrestling, mas eu sempre tive essa visão de trazer coisas novas que não eram usadas no esporte, como fiz com o Boxe. Depois que conversei com o Lyoto, treinamos juntos algumas vezes no Rio e senti que o seu tempo de luta era do Caratê, então comecei a me interessar novamente pelo Caratê. Fiz algumas adaptações, claro, combinando o Caratê com o meu jogo de Boxe. Estou absorvendo algumas coisas legais do Shotokan para o meu jogo”, garante Belfort, que já alugou uma casa e comprou um carro em Las Vegas, onde esta morando com Jayme no último mês antes da luta contra Rich Franklin, neste sábado.

“O CARATÊ É, HOJE, A MINHA BASE EM PÉ”

Perguntado sobre o que mais o impressionou no Caratê, Vitor não tem dúvidas. “É uma luta que te deixa relaxado o tempo todo, você nunca mostra o que você vai fazer, você sempre faz o que o seu oponente não espera que você faça. Eu diria que o Caratê é a arte de bater e não ser batido. O que mais me impressiona é o tempo de reação, Jayme está me ajudando muito no treinamento do dia a dia. Isso é o interessante do MMA, você pode combinar quantas técnicas você quiser”, disse o Fenômeno, garantindo que não esquecerá a importância das outras artes.

“Hoje, estou muito mais focado no treinamento de Caratê, mas também estou treinando muito Muay Thai e Boxe com Shawn Thompkins, que é um treinador incrível. Hoje, eu diria que o Caratê é a minha base na luta em pé, junto com o Boxe”, explica Belfort. Fechando a conversa, Vitor promete uma luta intensa no UFC 103. “Vai ser uma luta muito estudada, ninguém pode cometer erros, e eu estou treinando forte para aplicar o meu Caratê, Boxe, Jiu-Jitsu... É deixar as técnicas fluírem e torcer para que tudo dê certo. Eu já me considero um vencedor por me superar a cada dia nos treinamentos, que é a pior parte. Franklin é um grande lutador e eu espero que possamos dar um show no meu retorno ao UFC”.

Na opinião do treinador, Vitor fará uma grande luta. “O Vitor é um fenômeno cara, o apelido dele não é a toa. Ele tem uma capacidade de aprender coisas novas incrível, você ensina uma coisa que ele nunca viu e em dois, três dias ele já está fazendo. O programa que estamos desenvolvendo ele já está pegando de maneira espantosa e tenho certeza que ele já vai usar nosso treinamento contra o Rich Franklin”, aposta Jayme, vendo as mudanças que o Caratê trouxe para o jogo do brasileiro. “A base dele está maior, o controle de distância está melhor, dificilmente estão encostando nele. Ele está bem enquadrado no que hoje em dia chamam de Machida Caratê”, disse, tentando “fugir” dessa definição.

“Eu nem sou contra, porque é difícil definir qual o Caratê que você faz. Esse é o Caratê Shotokan da Federação JKA, essa é a nossa federação. O Chinzo foi vice-campeão mundial, ganhou sete lutas e perdeu uma... Ele é um fenômeno. Eu estava lá e perdi na terceira ou quarta rodada”, relembra, apontando os melhores nomes do Caratê no Brasil. “Em primeiro lugar o Chinzo Machida, que é o melhor. Depois, temos o Fábio Simões e Wagner Pereira, ambos de São Paulo, Rafael Moreira, do Rio Grande do Sul, e eu, do Rio de Janeiro. Essa é a base da seleção brasileira, que vem desde 2002"
www.tatame.com.br/2009/09/17/Belfort-vai-de-Carate-Machida-contra-Franklin
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BASTIDORES
Hoje aconteceu a coletiva de imprensa com os lutadores do UFC 103, com ênfase para Rich Franklin e Vitor Belfort.


Ontem à noite, entretanto, os principais personagens desse evento se encontraram em uma pequena sala. Nós tínhamos acabado o treino, e Vitor queria se pesar, afinal, ele precisa alcançar as 195 libras até sábado. Para nossa surpresa, dentro da sala onde fica a balança, estava Rich Franklin, com um amigo. Os dois deram uma demonstração de espírito esportivo e de cordialidade, cumprimentando-se e conversando como amigos. Não havia imprensa, ninguém por perto. Eles fizeram isso porque se respeitam, sentem afeto um pelo outro como lutadores e como seres humanos.

No final, Rich se despediu de nós com um surpreendente "boa noite" em português. Começamos a rir, e ele completou rindo também: "eu falo um pouco"

Isso prova de uma vez por todas que adversários não precisam se odiar. No karate JKA, os maiores troféus que conquistei em minha vida de atleta foram os amigos que fiz. Wagner Pereira, Rafael Moreira, Chinzô e Takê Machida, Fábio Simões, Zanca, Rousimar Neves... e muitos outros. Grandes amigos - e adversários dentro do kotô, nas competições.

Acredito que a animosidade, a raiva que um lutador sente pelo adversário é fruto do medo, da insegurança. Lutadores de verdade, lutadores de alma, não sentem insegurança, sabem que podem apanhar, se machucar, bater... faz parte do jogo, e por isso a amizade entre os adversários. Desde que sejam lutadores de verdade, como Franklin e Belfort.

Amanhã vai ser a pesagem oficial, e depois é descansar e aguardar pelo sábado, na última luta do evento.

OSS.
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MATÉRIA NA SHERDOG
Saiu uma matéria sobre o Vitor Belfort treinando karate Shotokan no Sherdog, um dos sites de MMA mais acessados do mundo (70 mil hints diários).


http://www.sherdog.com/news/articles/belforts-secret-skill-karate-19632
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RETA FINAL
Os treinos continuam intensos aqui em Vegas. Realmente, o Extreme Couture tem uma estrutura absurda para um lutador de MMA se preparar. Os técnicos, os companheiros de treino, o material de treino, o local em si, tudo auxilia na preparação.

Ante-ontem fomos nos encontrar com BJ Penn no MGM Grand. É incrível como ele é simples e simpático, e, acima de tudo, conhecido! Parecia que eu andava ao lado de um ator famoso, tantas eram as pessoas que paravam para pedir fotos ou autógrafos. E ele sempre solícito, sempre sorridente. São pessoas como BJ, Vítor Belfort, Randy Couture e Lyoto Machida, entre outros, que desconstroem a imagem negativa que muitas pessoas têm acerca dos lutadores de MMA, mostrando que o MMA é um esporte como outro qualquer, e que eles são atletas e pessoas como outras quaisquer.

Há um movimento muito forte aqui nos Estados Unidos sobre o Machida Karate. Parece ser apenas questão de tempo para que a luta vire febre nesse país continental. Mas em que isso pode beneficiar os atletas/praticantes/professores de karate Shotokan Tradicional/JKA?

Na minha visão, é a melhor coisa que poderia nos acontecer. O karate Shotokan já era famoso, reconhecido, por ser um instrumento de socialização, educação, formação de pessoas, além de uma luta. É uma arte marcial respeitada nesses aspectos. Mas entre os lutadores profissionais, formadores de opinião de muitos jovens que desejam praticar uma luta, o Shotokan andava em baixa... Isso em muito devido ao desconhecimento do nosso karate. Claro, com tantas federações, tantos multi-campeões, tantos mestres com dans miraculosos, como saber quem é quem nesse meio? Como respeitar uma luta onde há tantos e tantos faixas-pretas? E onde um atleta pode se dizer super-campeão sem jamais ter feito uma luta sequer?

Agora, entretanto, com o sucesso merecido de Lyoto, os olhos se voltaram para o Shotokan que ele pratica. E o que se vê são atletas do calibre de Chinzô, Vinicio Antony, Kokubun, Ogata, Johan La Grange...

Com isso, o karate de Ugo Arrigoni, Watanabe, Flávio Costa, Djalma Caribé, Ricardo D'elia, Paulo Góes, Ronaldo Carlos, e tantos, tantos outros lutadores de quilate, é alçado novamente ao lugar que merece.
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Hoje foi o dia das filmagens do preview da luta. Fomos filmados na academia do Randy e depois fomos treinar no mini-ginásio que fica no quartel-general da UFC. Sob o prédio principal, um ringue, uma academia e muitos, muitos posters de grandes nomes do MMA e do boxe.


Mais tarde, novo treino no Randy, e dessa vez Vítor lutou com Ray Seffo, a lenda do K1, que é um cara nota dez. Simpático, querendo o tempo todo ajudar, dando dicas... e forte que nem um touro! Vítor usou o seu excelente boxe, e aliou bem o controle de distância do Shotokan e alguns deai que estão começando a entrar.

A contagem regressiva para luta começou hoje.

OSS!
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KARATE JKA EM LAS VEGAS
Hoje foi o primeiro dia de treinamentos aqui em Las Vegas. Estou aqui como treinador de karatê Shotokan do Vítor Belfort, dando continuidade ao programa de treinos preparado pelo sensei Vinicio Antony, ainda no Brasil. A intenção é deixar o Vítor com mais velocidade, uma distância maior, e principalmente mais timing de luta. Os treinos foram puxados (pela manhã e pela tarde), e eu estou aproveitando para desfrutar da infra-estrutura inacreditável do centro de treinamento do Randy Couture, fazendo meus treinos de karatê, visando o sulamericano, enquanto o Vítor está treinando a parte de chão.


Por sinal conheci a lenda do MMA, e ele me pareceu ser uma pessoa calma, educada, e bem humilde. E aos 46 anos de idade, está em uma forma física invejável. Outro lutador famoso que apareceu por lá à tarde para treinar foi Forrest Grifith, mas esse eu só vi, não cheguei a falar.

O legal foi que assim que desci do octogon depois do primeiro treino de luta com o Vítor, um rapaz que nos observava perguntou: "jka?". Assim mesmo. Claro que abri o maior sorriso, confirmando. Karate Shotokan JKA.
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VITOR BELFORT TREINANDO KARATE SHOTOKAN


O sucesso estrondoso de Lyoto Machida fez com que o Shotokan ressurgisse no cenário das lutas. A enorme quantidade de diferentes federações de Shotokan fez com que a luta perdesse a credibilidade em relação ao judô, jiu-jitsu, boxe, muay thay... Desde que Lyoto conquistou o mundo do MMA, entretanto, os olhos dos lutadores se voltaram para o Shotokan, e uma busca por esse estilo - desde que o mesmo praticado por Machida - está se iniciando.

Vítor Belfort, fenômeno do Vale-Tudo desde os dezenove anos de idade, já tendo sido campeão do UFC em diferentes categorias de peso, procurou o karateca Vinicio Antony, multi-campeão e ex-integrante da Seleção Brasileira de Shotokan Tradicional, para treinar a arte marcial. Vinicio desenvolveu um programa específico de treinamentos, voltado para o MMA.

Belfort, dessa forma, pretende somar os pontos fortes do Shotokan (tempo, distância...) ao seu jogo diversificado - jiu-jitsu, boxe, muay thay, wrestling. Em momento algum ele quer trocar sua excelente base de lutas de trocação pelo Shotokan. O que ele quer é SOMAR.

Sob a supervisão do sensei Vinicio Antony, tenho treinado frente a frente com essa lenda do MMA, em uma troca de experiência formidável para mim. E posso testemunhar a evolução de Belfort, que já demonstra melhora nos fundamentos de deai, defesas, go no sen...

Agora é torcer para que Vítor vença a sua próxima luta - o retorno ao UFC, contra o duríssimo Rich Franklin, no dia 19 de setembro.
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Ex-atleta da Seleção Brasileira JKA é campeão do UFC

Lyoto Machida – integrante da seleção brasileira JKA no mundial de 2000, no Japão -, lutou ontem no UFC 98, na cidade de Las Vegas, USA.


O confronto era muito aguardado, não só pelo fato de ser uma disputa pelo cinturão, mas principalmente por ser um duelo de invictos. Rashad Evans é um lutador com um cartel impressionante, com 18 vitórias e um empate em 19 lutas. Lyoto vinha de 14 vitórias em 14 lutas.

Desde o início do combate, o brasileiro mostrou agressividade, dominando o oponente. Com chutes variados jodan, tchudan e nas pernas, Lyoto foi calibrando a distância para o bote. Rashad sentia-se acuado, e foi num ataque do carateca que ele foi à lona pela primeira vez, ainda no 1º assalto. Lyoto usou uma técnica que seu irmão, Chinzô, utiliza muito nas competições da JKA: a combinação mae geri/kyzami. No caso de Lyoto, foi um mikazo geri que serviu mais de finta para o kyzami que provocou um knockdown no americano. Rashad se recuperou rapidamente, e logo ficou de pé.

O segundo round começou igual ao primeiro, com Lyoto tomando a iniciativa o tempo todo, dominando a distância. A torcida americana gritava: “Machida! Machida!”.

Num contra-ataque, depois de acertar Rashad com uma combinação de gyako/gyako, Lyoto levou os únicos golpes da luta, ao ser acertado por dois socos do americano, que por sorte não causaram nenhum dano ao carateca.

No meio do round, Rashad decidiu entrar, e aí foi a vez do bom e velho deai do Lyoto. O brasileiro acertou uma bomba no americano, que ficou grogue, recuando até a grade. Lyoto foi atrás dele, sempre batendo. Com uma seqüência impressionante, o carateca matou a luta com um golpe de esquerda que pegou na ponta do queixo, fazendo o que nenhum outro antes dele fora capaz: nocauteou Rashad Evans.

Lyoto Machida, campeão brasileiro da JKA em kata e luta em 2001, integrante da seleção brasileira que disputou o mundial JKA em 2000, sagrou-se campeão mundial da categoria médio-pesado no UFC.

Na hora dos agradecimentos, muita emoção. Takê e Chinzô entraram no octogon para abraçar seu irmão, enquanto ele perguntava: “onde está meu pai?”. O técnico da seleção brasileira, Yoshizo Machida, entrou no ringue sorridente.

“Karate is back!”, gritou Lyoto, provando ao mundo a eficiência da luta que pratica desde pequeno.

Dana White, dono do UFC, entrou no octogon para cumprimentar Lyoto após a vitória, e a única coisa que disse foi: “unbelievable!” – inacreditável!
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Lyoto Machida vs Thiago Silva

Lyoto Machida fez sua décima quarta luta de vale-tudo enfrentando o duríssimo Thiago Silva no UFC 94 na madrugada do dia 31 de janeiro. O até então invicto Thiago (13-0) foi totalmente dominado por Lyoto, não conseguindo encaixar seus golpes. A distância maior do karate shotokan fez a diferença mais uma vez, e o jogo de Lyoto esteve perfeito.


Thiago sofreu dois knockdowns no primeiro round, antes de ser nocauteado no segundo final. No primeiro knockdown, Lyoto deu uma forte joelhada tchudan, que fez com que o adversário abaixasse a guarda, abrindo caminho para um mawashi tsuki certeiro. Na segunda queda, Thiago atacou com um soco, e Lyoto fez um dos movimentos mais usados em competições da JKA: recuou já pensando no contra-ataque. O carateca usou o chão para se impulsionar, e num exemplo clássico de go no sen, voltou com gyako-gyako, acertando o oponente no segundo golpe, levando-o à lona.

No final do round, os dois estavam clinchados na grade, com Thiago amassando Lyoto, chegando a desferir uma cotovelada que por sorte não pegou em cheio. Mas Lyoto virou o jogo de forma espetacular, enganchando a perna do adversário enquanto o desequilibrava empurrando seu cotovelo. Thiago desabou, e num movimento de ataque onde manteve o zanchin o tempo todo, o carateca não deu chance para o oponente se estabilizar no chão, e caiu em cima dele desferindo um soco descendente fortíssimo, nocauteando-o. Isso a um segundo do fim do round. Literalmente.

Dessa forma Lyoto pôs fim à invencibilidade de Thiago Silva, e, como anunciado antes da luta, dois lutadores que jamais haviam perdido entraram no octogon, mas apenas um saiu.

A comunidade do karate JKA - além de milhares de fãs de outras lutas - agora aguarda a mais que merecida luta pelo cinturão.

Oss!
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Lyoto Machida vs Tito Ortiz

Lyoto lutou nesse último sábado, subindo mais uma vez no ringue do UFC para defender sua invencibilidade. Dessa vez, enfrentou um astro local, que apesar de já estar na descendente em sua carreira, é um lutador com um histórico impressionante. Extremamente perigoso, Tito Ortiz teve o apoio de sua torcida e de sua imensa legião de fãs para tentar impor a primeira derrota da carreira do carateca brasileiro.


Mas Lyoto se mostrou confiante e tranquilo, como sempre, e dominou a luta desde o começo, sem se arriscar desnecessariamente. Com um bom mawashi jodan e uma joelhada que provocou um knockdown, passando em seguida para o ground and pound, ganhou por pontos em decisão unânime dos juízes.

É o karate shotokan brasileiro fazendo bonito mais uma vez. Agora será que vão dar a ele a chance de lutar pelo título? Ou será que ele pega o Lidell primeiro? Vamos ver.

 Lyoto já foi campeão brasileiro de kata e luta na JKA, e de kata, luta, luta por equipes e fuko-go no tradicional. Além de ter sido campeão panamericano individual e por equipes no Chile, em 2001, com a seleção brasileira de karate tradicional.

2 comentários:

Fernando Kanizawa disse...

Sensei Jaime,

Oss!

Sou um grande admirador do Karatê Tradicional (arte marcial e não esportivo) e do trabalho que a família Machida vem fazendo e o seu trabalho com certeza. É notório que um dos maiores karatecas da atualidade.
Confesso que sou um ex-karateca, me dediquei por muitas anos ao Wushu/Sanshou Shaolin do Norte mas tenho muita vontade de voltar a treinar Karatê.
Mas no cenário atual (CBKI e CBK e alguns JKA) é de desanimar qualquer um.
Você que é um grande karateca, gostaria que me indicasse um bom Sensei na cidade de Valinhos-SP ou Campinas-SP se for o caso.

Desde de já agradeço!
Oss
Fernando Kanizawa

Andrelo disse...

As vitórias são propagadas. As derrotas mantidas em segredo. Pouquíssimas pessoas sabem, mas o famoso Hélio Gracie, o criador do Jiu-jítsu brasileiro e também famoso pelas vitórias de dezenas de desafios, perdeu ao menos um em uma palestra dada nos anos 70 em São Paulo. Ao final de sua apresentação e convidando ouvintes para testa-lo, eis que sobe no rique Sensei Sasaki, tirando apenas o paleto e os sapatos, e com apenas um tsuki, põe desacordado Hélio Gracie. Soube da história por meio de um amigo pessoal do Sensei, e tive a oportunidade de confirmá-la com o próprio Sensei em um evento na Usp em 2012. É isso!